Casa da Semente

A fim de organizar a produção e a circulação de sementes orgânicas, particularmente de hortaliças, entre agricultores familiares ecológicos, diversas entidades e produtores se uniram. A AOPA e a ABAI somaram esforços para a construção de uma unidade de beneficiamento de sementes na área rural da ABAI no município de Mandirituba.
A Embrapa, por meio do projeto SEMECOL, além de fornecer uma máquina de beneficiamento de sementes contribuiu na formação e organização dos agricultores.
A Casa da Semente foi inaugurada no dia 13 de março de 2016, com a participação de 27 organizações ligadas à Agroecologia e à agricultura familiar.

Como funciona

A Casa da Semente da ReSA é uma unidade de beneficamento de sementes orgânicas, particularmente de hortaliças. Ela é situada na área rural da ABAI, do lado da Casa da Partilha. Agricultores em busca de sementes orgânicas fazem um pedido coletivo. Em seguida a Casa da Semente planeja e organiza a produção das sementes encomendadas com os seus Guardiões, agricultores capacitados para serem produtores de sementes orgânicas. Os Guardiões produzem as sementes e as encaminham para a Casa da Semente, onde elas são pesadas, identificadas, testadas em relaçao à germinação e armazenadas até a hora de enviar os pedidos. Assim a Casa da Semente possibilita uma renda aos Guardiões e disponibiliza sementes orgânicas para outros agricultores da região.

Sementes crioulas são importantes:​

• Como Bem Comum que deve ser accessível para todos e protegido do patenteamento e da privatização;
• Para manter a autonomia e a soberania alimentar dos agricultores familiares em relação ao agronegócio e às grandes empresas sementeiras transnacionais;
• Para conservar a agrobiodiversidade, indispensável para uma agricultura ecológica e sustentável;
• Como parte integral de nossa cultura.

A Casa da Partilha quer resgatar e manter a agrobiodiversidade e defender o direito dos agricultores a respeito do livre uso de suas sementes tradicionais.

Guardiões de Sementes Crioulas

A Casa da Partilha mantém o seu estoque de variedades de sementes de feijão, milho e adubo verde graças ao trabalho dedicado dos Guardiões de Sementes Crioulas. Os Guardiões levam uma ou mais variedades de feijão e/ou milho para plantar nas suas terras, colhem as sementes e devolvem a metade da colheita para a Casa, onde ela é armazenada numa câmara climatizada de 10 a 14°C. Desta forma os Guardiões contribuem com o crescimento da Casa e possibilitam que outros agricultores tenham acesso a sementes crioulas. Este acesso é realizado durante as Festas de Sementes e em outras ocasiões onde os agricultores trocam sementes entre si e com a Casa. Festas de Sementes ocorrem no Paraná desde muitos anos. Durante os meses de junho até outubro do ano de 2017 foram realizadas 10 Festas de Sementes em vários municípios do Estado do Paraná, envolvendo aproximadamente 10 000 pessoas entre agricultores, estudantes, técnicos e outras.

Aumentando a rede dos Guardiões de Sementes

Muitos agricultores de Mandirituba guardam sementes crioulas desde gerações. A Casa faz também um trabalho de chamamento de novos Guardiões que podem colaborar com a iniciativa e se tornar sócios dela. Na primeira Festa dos Guardiões de Sementes Crioulas, que aconteceu na ABAI em 2017, 52 pessoas se inscreveram como novos Guardiões. Elas levaram sementes para a sua casa para plantar e prometeram de devolver a metade da colheita à Casa.

Os Guardiões Mirins de Sementes

A ABAI mantém também um programa de Guardiões Mirins de Sementes. As crianças e adolescentes que freqüentam a ABAI brincam e trabalham com sementes crioulas. Quem quer, leva sementes para a casa para multiplicar. Na Festa dos Guardiões Mirins em 2017, 70 crianças da ABAI e das escolas de Mandirituba se comprometeram de plantar sementes na sua roça, horta ou no seu quintal para depois devolver uma parte da colheita à Casa da Partilha.